quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PANDEMIA DE FARISAISMO

A hipocrisia campeia os arraiais protestantes. O apóstolo Paulo fala dessa doença que vitima o homem que denuncia o que pratica o mal, mas acaba fazendo a mesma coisa (Rom.2 1 a 3).
No Brasil, as igrejas "dos crentes", hoje conhecidas como "evangélicas", salvo raríssimas exceções, adoeceram nos ultimos trinta (30) anos. Um vírus devastador foi aos poucos infectando as igrejas norte americanas, e nós, que com gosto apreciamos até as doenças dos "yankees", fomos paulatina e deliberadamente nos deixando contaminar. Falo do amor ao dinheiro, velado ou explícito, em maior ou menor gráu. Volta e meia ouvimos soar vozes com críticas lancinantes condenando a denominada "teologia da prosperidade". Líderes se levantam como fiéis escudeiros na luta contra o estabelecimento de uma igreja despreocupada com as manções celestiais. As ovelhas que querem fazer parte dos "sete mil que não dobraram seus joelhos a Baal" (I Rs.19:18), logo se entusiasmam com os tidos como defensores da "fé que uma vez por todas foi dada aos santos" (Jd.3).
Entretanto, um diagnóstico mais apurado, uma olhada mais cuidadosa, revela que também estes "escudeiros" estão infectados. A doença também se instalou sorrateiramente neles. Poucos ainda estão sadios. A lógica das trevas impera. A igreja que tiver mais gente agregada, é a que tem sucesso. Não interessa se são pessoas genuinamente convertidas. O que interessa é ter mais e mais gente agregada. Mais gente, mais dinheiro. Mais dinheiro, maior visibilidade. Maior visibilidade, mais gente. É um "círculo vergonhoso" estratégicamente projetado e levado a efeito com técnicas de marketing religioso. Todos atrás de conseguir coisas, lotam os espaços religiosos atrás do líder especialista que sabe a ultima técnica de como arrancar coisas de Deus. Na ótica da igreja que se julga com padrão de qualidade, seria caçar moscas com vinagre o anúncio de mensagens que confrontem o homem com seus pecados, chamando-o ao arrependimento e confissão. Quase ninguém quer como modelo a igreja primitiva (Atos 2), a da Macedonia (Rm.15:26 - I Co.8: 1 a 6) ou a de Filadélfia (Apc.3: 7 a 13).Todas com um detalhe em comum: ERAM POBRES. O paradigma predileto tem sido a igreja de Laodicéia (Apc.3: 14 a 22) ou a de Saddle Back na Califórnia/USA.
Há, de fato, uma inveja inconfessável do "sucesso" dos despudorados manipuladores das mãos de Deus. O que fazer para crescer , ter a igreja cheia de gente, com um mínimo de pudor? O caminho encontrado foi o da transposição seletiva, cirúrgica, do ítem da Lei que legitimaria o ingresso de recursos financeiros não tributáveis nos cofres da chamada "casa do tesouro". O instrumento encontrato para persuadir as ovelhas , é claro, foi o da "ameaça" malaquiana.
Evidentemente, ninguém que tenha um mínimo de conhecimento bíblico ignora que os obreiros precisam ser sustentados pelos crentes. Contudo, esta recostura do véu rasgado, desconhece o escopo da destinação das finanças tão claramente presente na Palavra de Deus. O dinheiro dos crentes deveria ser cem por cento (100%) para a Glória de Deus. Mas o que é neste caso "ser para a glória de Deus?". Textos como Mq.3:8 , Tiago 1:27 , Isaias 58, Mt.22: 34 a 40, I T.5:8,
I Jo.3:17, entre tantos outros, nos indicam que os bens que Deus nos dá devem servir para SOCORRER OS NECESSITADOS. É coisa absolutamente simples. Aliás, uma leitura honesta de Mat.25:41 a 46, vai mostrar para nós que no ultimo julgamento serão "benditos"e possuirão "o reino dos céus" os que usaram os seus bens para:
a) dar comida aos que tinham fome
b)dar água para quem tinha sede
c)dar hospedagem ao estrangeiro
d)dar roupa para o que estava nú
e)visitar os enfermos
f)visitar os presos

John Wesley, em seu célebre sermão baseado em I Co.12:31 , denominado "UM CAMINHO MAIS EXCELENTE", quando tratou do dinheiro dos crentes, assim lecionou :

"A generalidade dos cristãos usualmente separam alguma coisa anualmente. Talvez dez ou até mesmo a oitava parte de sua renda, quer obtida do rendimento anual, ou do comércio, para uso caritativo.
Eu louvo a Deus por vocês que agem desta forma. Que vocês nunca se fatiguem de assim fazerem...Se você não tem família, depois de ter providenciado para si mesmo, dê tudo o que restar, de maneira que, a cada natal, suas contas sejam limpas. Esta foi a prática de todos os jovens de Oxford, que eram chamados de Metodistas. Por exemplo, um deles tinha trinta Libras por ano. Ele viveu com 28, e abriu mão de quarenta Xelins. No ano seguinte, recebeu sessenta Libras, ele ainda viveu com 28, e deu 32. No terceiro ano, recebeu 90 Libras, e deu 62. No quarto ano, recebeu 120 Libras. Viveu como antes, com 28 Libras, e deu aos pobres 92 ....
Em segundo lugar, se você tem uma família, considere sériamente perante Deus, quanto cada um membro dela necessita, com o objetivo de ter o que é necessário para a vida de santidade.E, em geral, não permita a eles menos, nem muito mais , do que você se permite. Em terceiro lugar, isto feito, fixe seu propósito para ganhar não mais. Eu o incumbo, em nome de Deus, a não aumentar seus bens. Como vem diáriamente ou anualmente, então deixe-o ir. Do contrário você "junta tesouros na terra". E isto nosso Senhor tão completamente proibe, quanto assassinato e adultério".

Devemos ser fiéis aos compromissos assumidos com nossa igreja, sejam eles quais forem, e de que montante forem. É , contudo, desonesto, criticar os atuais mercadores do Evangelho de Cristo , se nós, também contaminados, praticarmos o pecado do desvio de propósitos , seja por ignorância ou má fé .
Temos todos que levar a "causa" de Cristo avante. Esta "causa" tem dois campos: um espiritual e outro social. É preciso pregar o arrependimento para remissão de pedados (Lc.24:47), e socorrer os necessitados. Isso é cristianismo. Isso é parecer-se com Cristo.