terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

FORA DE FOCO

O fio da navalha. A fração de segundo que pode definir a vida ou a morte. A linha imperceptível que separa o certo do errado. Alguém já disse que nada é tão parecido com a verdade quanto a mentira.O ser humano lida com essa dura realidade desde a sua concepção.O problema não é ter consciência da existencia dessa complexidade humana, mas como lidar com ela. Toda ação do ser humano é resultado direto de seu estado emocional.Infelizmente esse resultado é variável entre as pessoas. Umas choram, outras riem, outras lutam, outras fogem, etc. As experiencias emocionais dependem diretamente do estado geral do homem, com sua formação intelectual, psíquica e física. Essa reação neural provocada por estímulos psico-fisiológicos, varia de ser humano para ser humano . O homem salvo por Jesus não deixa de ser humano, mas tem a sua "natureza" modificada . O Ap.Paulo teve problemas com Barnabé (Atos 15:39); irritou-se com Pedro (Gal.2: 11 a 21); o colégio apostólico não era tão unido assim (Atos cap.15); Davi sucumbiu a uma paixão carnal (II Sam.11); Moisés foi traido pela emoção (Ex.2: 11 a 14); Calvino teve o seu Serveto . Embora o crente tenha provisão bíblica para resolver seus desvios, precisamos reconhecer que as "emoções" são de fato um problema, um leão a ser domado. Portanto, o crente não pode viver dominado pelas emoções. Elas não são um "termômetro" confiável, convenhamos . O culto racional de que fala Paulo (Rom.12:1), combina com o "dominio próprio" tratado em Gal.5: 22 e 23 . O salvo deve ter o domínio das emoções em suas mãos .
Na causa de Cristo (pregação do evangelho do reino), o Espírito Santo tem função definida (Jo.16: 7 a 11). O resultado da ação do Espírito Santo me emociona, mas não é minha emoção que provoca a ação do Espírito Santo. É exatamente aqui que reside a dificuldade de alguns irmãos .
A "alegria" é uma das experiências emocionais derivada de algum acontecimento que chega a um de nossos cinco sentidos. Tenho visto irmãos reunidos, a igreja portanto, vibrando de "alegria". Os espaços religiosos, todos, escolhem suas motivações buscando esta "alegria". Algumas vezes, após êstes momentos de grande euforia, levada até a extremos por um ou outro participante, a liderança pergunta: "Voces estão felizes, estão alegres ?" Respondendo que sim, segue-se o costumeiro aplauso entusiasmado como sendo oferecido a Jesus . É comum vermos manifestações de "grande alegria" após os cânticos com os acordes dos instrumentos (teclados, guitarras) e a vibração dos pratos da bateria . Alguns chegam ao êxtase. Tenho visto lágrimas rolarem quando as letras dos cânticos prometem vitórias para os crentes e solução para os problemas da vida. É , de fato, contagiante a aura que se cria com o movimento das cordas e a beleza do canto congregacional .
Evidentemente, ficar alegre com motivações justas, não é pecado.O problema é identificar quando esta "alegria" é fruto do mover do Espírito Santo. A bíblia não fala que haverá alegria no céu quando um hino for bem tocado e cantado; não fala que há alegria no céu quando um irmão compra um carro novo; não fala que há alegria no céu quando alguém é curado físicamente; não fala que há alegria no céu quando um casamento é restaurado ou mesmo quando algum carisma é posto em prática; não fala que há alegria no céu quando os espaços religiosos estão repletos de gente; tudo isso, sem dúvida, são motivos de alegria . Contudo, diz a Palavra de Deus: "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende..."(Lc.15:7). Em outro lugar vemos: "E os gentios, ouvindo isto, alegravam-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província...E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo."(At.13: 48 a 52) . O Novo Testamento está permeado de textos nos indicando uma vinculação de alegria com o resultado da mensagem salvífica (conversão de almas) .Por que então vemos tanta "alegria" por tantas coisas, e tão pouca "festa" quando , eventualmente, uma vez ou outra, mesmo sem mensagem apropriada, um pecador se arrepende ?
Todos conhecemos o famoso texto em que Jesus envia setenta (70)discípulos para anunciarem "o reino de Deus" e exercerem os carismas (Lc.10: 9 c/c vs.19). Ao retornarem, alegres por terem exercitado os carismas, disseram: "...Senhor, pelo Teu nome, até os demônios se nos sujeitam" (Lc.10:17) . Jesus então diz que lhes havia de fato dado poder para exercitarem dons espirituais, mas adverte-lhes que o real motivo de sua alegria deveria ser pela salvação : "Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escrito nos céus" (Lc.10:20). Para os grandes pregadores da Palavra de Deus, tais como John Wesley, Calvino, William Carey, Adoniram Judson, Hudson Taylor, Moody, Charles Finney, Gunnar Vingren, Daniel Berg, George Muller, Charles Spurgeon, Simonton, Robert Kalley, entre outros, a ação do Espirito Santo é soteriológica. Wesley concluiu que a obra do Espirito Santo é "ardo salutis" (sede de salvação). Quando o Senhor Jesus dá as ultimas instruções aos seus discípulos, promete o envio do "parakletos", dizendo: "E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juizo".(Jo.16:8). Nós, salvos por Jesus, deveríamos estar convictos e ávidos por anunciar o reino de Deus (pregar o evangelho) aos perdidos. A Mis.Marise Monteiro do Nascimento diz que "se você é um cristão verdadeiro, Jesus está impregnado no teu DNA. Se for assim, é impossível que dentro de você o Jesus missionário ainda não tenha se mostrado" (Examinando as Escrituras-1 Trimestre-2011,pg.33).Para aquela missionária, se um crente não tem o desejo de trabalhar no anúncio do evangelho de salvação aos perdidos, ainda não é um cristão verdadeiro. Parece uma conclusão tão óbvia. Entretanto, nestes ultimos dias, tem sido necessário bater nesta tecla . A igreja não deve ter um esforço evangelístico esporádico, mas deve entender que a busca dos perdidos (pregação do evangelho) deve permear todas as suas atividades . A pregação do evangelho de salvação deve ser o alvo principal em torno do qual tudo o mais girará . Nas palavras de Robert E. Coleman : "Quando o nosso coração está cheio da presença de Cristo,a evangelização é tão inevitável quanto contagiante". O resultado da evangelização (almas convertidas) deve ser o motivo da nossa alegria. Devemos comemorar essa vitória com os anjos (Lc.15:10). Se não pregarmos o evangelho, podemos até desfrutar de alguns momentos alegres, mas jamais será honesto dizermos que "o Espirito Santo está agindo em nosso meio". As igrejas não deveriam ter "departamento" ou "ministério" de evangelismo. Elas são agências de salvação por sua própria natureza, cujas atividades, todas elas, deveriam buscar, com todos os recursos e meios legítimos disponíveis, cumprir a sua única razão de ser: evangelizar . Quando isso acontecer, então poderemos dizer alegremente: "O Espirito Santo está agindo em nosso meio".
Precisamos orar pedindo a Deus que nos auxilie no árduo trabalho de corigir o foco .
Amém !

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