sábado, 22 de janeiro de 2011

VOCÊ TEM PROMESSAS ?

Houve um tempo, não muito distante, em que a simples pronúncia da palavra "PROMESSA" já nos remetia, quase que de imediato, ao catolicismo romano. Eram os católicos que tinham por costume fazer as tais "PROMESSAS", com vistas a alcançar algum favor divino.Uma vez alcançada a "bênção", pagava-se a promessa. No filme "O Pagador de Promessas" de Anselmo Duarte/Dias Gomes(1962), o Zé do Burro tinha um amigo que adoeceu, um burro. Fez uma "PROMESSA" num terreiro de Camdomblé, de carregar uma cruz pesada nas costas de sua terra até a Igreja de Santa Bárbara-Salvador-BA., se seu burro fosse curado. Assim que o burro se recuperou, cumpriu a "promessa", mas enfrentou a intransigência da igreja católica.As procissões e caminhadas até Aparecida do Norte-SP; a subida de joelhos da escadaria da Penha-RJ; a marcha até Juazeiro do Norte-CE; a famosa peregrinação a Santiago de Compostela-Espanha, entre outras, mostram multidões pagando "promessas" feitas por receberem graças dos "céus".
No meio evangélico o processo tem sido invertido. Deus é quem faz as "PROMESSAS" aos mortais. Os "crentes" modernos exigem, reinvindicam, cobram de Deus o cumprimento de "promessas" que Ele lhes teria feito .Esta cobrança dos direitos que teriam sido adquiridos com as "promessas" feitas pelo criador, é a moda nos dias atuais. No passado os crentes criam que deveriam ser fiéis a Deus. Hoje, Deus é quem tem que ser fiel aos crentes.O raciocínio, de dificil confissão, é o seguinte:"Senhor, já fiz a minha parte sendo fiel, agora cumpra a sua parte". As igrejas dos "crentes" parece que vivem de moda em moda. Nos anos sessenta (60) a moda era ex-cangaceiro se converter e virar pregador. Nunca se viu tanto cangaço no Brasil. Nos anos setenta (70) era a vez de assassinos se converterem e tornarem-se evangelistas eloquentes. Nos anos oitenta (80) parece que os crentes descobriram o "poder" da música.Grupos, conjuntos e bandas se formaram. Era preciso no entanto que os poetas criassem poesias com um sotaque massificado entre os crentes.A hinódia protestante era muito erudita e desprovida de refrões marcantes. Não atraia as massas. Então surgiu a moda nos anos noventa (90) das "guerras". A vida do crente era uma batalha espiritual, diziam os poetas. Jesus era o nosso "general". No fim dos anos noventa
(90) e inicio do novo século, o homem foi definitivamente colocado no centro. O "evangelho" tornou-se despudoradamente antropocêntrico. Igrejas anteriormente zelosas de sua ortodoxia, fundamentalistas, pentecostais históricos, tradicionais e neo-pentecostais se alinharam, uns mais, outros menos, na busca da felicidade do homem aqui na terra. Os cânticos tornaram-se horizontais com poesias dizendo que "somos uma família", e que "você é muito importante para mim, meu irmão". Os chamados "louvores", raramente, expressam de verdade algum louvor a Deus. A opção pelas relações interpessoais ficou claramente evidenciada. Recentemente, coisa de uns quatro(4) ou cinco (5) anos para cá, o sotaque é: "DEUS É UM DEUS DE PROMESSAS". A afirmação subliminar, é que Deus promete todos os dias várias coisas aos crentes, e que, tendo prometido,deve cumprir sua promessa .Vale dizer que, Deus tem prometido coisas para alguns privilegiados, e estes podem aguardar que a qualquer momento o criador vai cumprir sua palavra dando-lhes, não só o que prometeu, mas "o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam" (I Co.2:9) . A exegese oportunista virou chavão, frase feita em quase todos os púlpitos. Olhando para tudo isso, me perguntava: Será que meus irmãos estão falando de "promessas" constantes do texto sagrado ? Infelizmente cheguei à conclusão que não. O que eles estão acreditando é que o desejo de seus corações, desde um marido rico e bonito, até o carro do ano ou a casa própria, é o que o Senhor tem prometido a cada um individualmente. Não tem nada a ver com a Palavra de Deus. Alguns deles chegam a ouvir a voz de Deus prometendo-lhes geladeira, guarda-roupa novo, aparelho de televisão , emprego, passar no vestibular, e até emagrecer sem fechar a boca . Quando conseguem realizar algum de seus sonhos, logo correm para dar testemunho de que o Senhor foi fiel, isto é, cumpriu a sua parte, já que a fidelidade do crente ensejou, viabilizou, o cumprimento da "PROMESSA" feita por Deus. Este entendimento enviesado das verdades eternas está produzindo uma classe de "crentes" jogadores inveterados. Trata-se de uma "loteria gospel". Na busca da satisfação de seus interesses materiais, "crentes" se amontoam nos espaços religiosos, não mais para adorar a Deus, mas para se colocarem na fila da bênção. Pouco importa qual seja o espaço religioso. Também é de nenhuma importância qual é a denominação. O crente passou a ser um "crente geral". Quanto mais espaços ele frequentar, maior a sua chance de ser agraciado. Se o irmão "x" ganhou sua bênção esta semana, pode ser que a semana que vem seja a minha vez. "Sei que chegará a minha vez", diz o cântico. Enquanto isso, o "crente", para não sair da fila, deve continuar cumprindo sua parte no trato, sendo fiel, isto é, pagando com o dizimo as prestações da bênção que certamente virá conforme promete emocionado e com eloquência o clérigo de plantão.
Isso tudo me lembra de uma "PROMESSA" interessante. Veja:
"Se Deus estiver comigo e me proterger no caminho por onde
eu for, se me der pão para comer e roupas para vestir, se
eu voltar são e salvo para a casa de meu Pai, então Javé
será o meu Deus...e eu te darei a décima parte de tudo que
me deres" (Gen.28:20 a 22)
O "crente" moderno consegue fazer uma oração pior que a de Jacó, dizendo: "Pai, vamos fazer um acôrdo: se o Senhor satisfizer os desejos do meu coração, então serás o meu Deus,e, para tanto, eu já adianto a minha parte (dízimo), certo de que o Senhor cumprirá a sua". Assim tem sido, consciente ou inconscientemente, a conduta de muitos "crentes" modernos.
Para esta classe de "crentes" surgida nos ultimos tempos, aqui vai alguns avisos dos escritores sagrados:
"Eles fortaleciam o ânimo dos discípulos, exortando-os
a perseverarem na fé e dizendo-lhes que é preciso passar
por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus."
(Atos 14:22)

"E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações,
sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança
produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada
produz a esperança."
(Rm.5:3 e 4)

"Ademais, todos os que querem viver com piedade em Jesus
Cristo, serão perseguidos."
(II Tm.3:12)

"E algumas mulheres recuperaram seus mortos , por meio da ressurreição.
Outros foram esquartejados, recusando a libertação qerecida, a fim de
alcançarem uma ressurreição mais valiosa.Outros, enfim, foram humilhados
e surrados e jogados na prisão.Foram apedrejados, serrados ao meio,
mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de
cabra, necessitados, atribulados, maltratados. Esses homens tinham que vagar
por desertos e montanhas, e refugiar-se em grutas e buracos. O mundo não era
digno deles. Todos eles foram aprovados por Deus por causa da fé que tinham.
MAS NUNHUM DELES ALCANÇOU A PROMESSA. Deus preparou para nós algo melhor,
a fim de que, sem nós, eles não obtivessem a perfeição".
(Heb.11:35 a 40)

"Pois nós não temos aqui a nossa pátria definitiva, mas buscamos a pátria
futura."
(Heb.13:14)

O Senhor Jesus Cristo fez um "duro discurso" como êste, e a grande maioria dos seus discípulos decidiu abandoná-lo. O Senhor, vendo a deserção, perguntou aos seus discípulos mais chegados: " QUEREIS VÓS TAMBÉM RETIRAR-VOS ?" (Mt.6:67) .
Peço licença para imitar o nosso Mestre , perguntando:
VOCÊ AINDA QUER CONTINUAR A SER CRENTE DEPOIS DE LER ÊSTE TEXTO ?
Que Deus nos ilumine e nos dê tempo para corrigirmos os rumos .

Um comentário:

  1. A pior parte para o crente é que por si só não consegue visualizar essa situação que, por muitas vezes, ele é apenas levado a seguir por orientação (direta e indireta) da igreja e dos seus líderes. Não que o justifique pois cada um tem livre acesso ao conhecimento (mesmo que não o façam).
    Cabe a nós buscarmos sempre a forma mais coerente de "Fazer prova de Deus" (Ml 3:10).

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